sábado, 23 de janeiro de 2010

ERRO





Erro é teu. Amei-te um dia


Com esse amor passageiro


Que nasce na fantasia


E não chega ao coração;


Nem foi amor, foi apenas


Uma ligeira impressão;


Um querer indiferente,


Em tua presença, vivo,


Morto, se estavas ausente,


E se ora me vês esquivo,


Se, como outrora, não vês


Meus incensos de poeta


Ir eu queimar a teus pés,


É que, - como obra de um dia,


Passou - me essa fantasia.


 
Para eu amar – te devias


Outra ser e não como eras.


Tuas frívolas quimeras,


Teu vão amor de ti mesma, Essa pêndula gelada


Que chamavas coração,


Eram bem fracos liames


Para que a alma enamorada


Me conseguissem prender;


Foram baldados tentames,


Saiu contra ti o azar,


E embora pouca, perdeste


A glória de me arrastar


Ao teu carro... Vãs quimeras!


Para eu amar – te devias


Outra ser e não como eras...



 
                                    Machado de Assis.



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